Tuesday 7 April 2015

O Brasil merece esse tratamento? Instituições absolutamente fracas?

No Brasil hoje, reina o ódio em relação ao PT, isso é baseado em muitas razões pertinentes, principalmente a corrupção.  Esse ódio aumenta a possibilidade da miopia coletiva popular, que já é enorme e a cegueira coletiva acabou reinando.  Ao longo dos anos, teses foram adotadas em N disciplinas, mas como saberemos se essas teses adotadas são as certas ou erradas, ou até, vamos mais longe, se essas teses realmente senvem na prática, ou apenas para os interesses de alguns poucos grupos?  Depois de esrcever o ultimo artigo, recebi um comentário que acabou dando origem a esse "documento" e o tema é: as instituições são realmente fortes no mundo desenvolvido para que exista o argumento que o Brasil ou qualquer outro país mereça "ser tratado" de maneira diferente pelas pessoas em geral e pelos mercados?  O mundo desenvolvido realmente tem se comportado bem respeitando contratos e mostrando que suas instituições são fortes? Será que o Brasil não cumpre mesmo seus contratos? Será que o Brasil merece taxas reais de juros mais altas e um tratamento internacional inferior? É claro que o Brasil tem muitas instituições fracas, mas isso é comum em toda parte pois, como diz um amigo meu, "sempre que as instituições são testadas, "abrem o bico"", ou seja, amarelaram ( chicken) para a realidade, mesmo que a realidade caracterize tudo o que tenha sido pregado de melhor por essas mesmas instituições por anos e anos; a famosa hipocrisia na hora que o sapato aperta.

Afinal, que instituições são essas que fazem do mundo desenvolvido realmente desenvolvido? O banco central europeu que fala, "what ever it takes", "farei todo o necessário"? (quando a crise realmente ficou grave). O banco central americano que falou abertamente que grande parte do seu objetivo ao fazer QE ( criação de dinheiro imediato do AR) era fazer o preço da bolsa subir, para que as pessoa se sentissem mais ricas para poderem gastar mais? Sem nenhuma vergonha na cara! Isso é sem precedentes na história do FED, que sempre disse não querer se envolver na formação de preços dos mercados. Ou, é melhor falar das fraudes contábeis de Enron e Worldcom no inicio da década passada, expondo, de vez, a fragilidade da industria de auditorias de alto nível no mundo desenvolvido. E a fraude gigante do subprime, aonde milhões de documentos foram forjados para que contratos de imóveis fossem fechados e executados nos EUA há poucos 10 anos atrás?

Ano passado, a ideia de que houve quebras de contraos no Brasil ficou muito forte, porque, em tese, o governo não deixou certos preços subirem na economia, preços esses que garantiriam retornos financeiros contratados pelas empresas com o governo.  Isso não confere.  A realidade é, nesses casos, os preços são regulados, existe uma regra intertemporal para garantir rentabilidade do contrato, algo que vai ser cumprido como sempre foi.  Não houve quebras de contrato. Os EUA como no Brasil, já congelaram os preços nos mercados; quer maior quebra de contrato do que essa? E então, esquecemos do que os outros fazem e carregamos a cruz de cristo para sempre? Existe algum complexo de inferioridade dos analistas brasileiros? Falta de informação? Doutrinação?

Algum ser humano no século 20 e 21, pensa em quebra de contrato maior do que o calote de 1970 nos EUA? Os EUA calotearam sua população em $60 bilhões de dólares em barras de ouro, um contrato de 25 anos. Para muitos o maior calote do século 20!? E então, cadê a instituição forte?  E a União Europeia? Deu calote generarizado no Chipre da noite para o dia, sendo o Chipre membro do grupo europeu.  Que instituições maravilhosas são essas que, da noite para o dia, mudam as regras do mercado financeiro, proibindo apostas contra o mercado na hora que o sapato apertou? ( "vender a descoberto": vender hoje para comprar no futuro mais barato) não pode mais porque o sapato da instiutição está ameaçado? "Não pode vender título público europeu a descoberto!!!???" Por que? Cade o liberalismo? Cadê o mercado aberto? Mais uma quebra de contrato? Pimenta no rabo alheio é refresco!!!  Que instiutições fortes e exemplares são essas que deixaram os bancos europeus marcarem seus balanços "a modelo" e não a mercado, porque, se não,"todos" os bancos estariam quebrados? Aonde está o liberalismo capitalista de mercado aberto? Tudo isso aconteceu no UK, EUA, e Europa há pouco tempo!

A corrupção. No Brasil hoje vivemos abaixo das nuvens da currupção exposta e aberta, parece uma sala de CTI / UTI de um hospital; sofrimento psicológico nas máximas.  O humor das pessoas gira em torno da corrupção, o dia a dia das pessoas gira em torno da corrupção, Um dia isso vai passar, porém vale notar estatísitcas importantes sobre corrupção no mundo. Segundo https://www.transparency.org/cpi2014/results o Brasil aparece em número 69 em termos de corrupção percebida no mundo. Notem que estamos melhores em termos de corrupção que o México e empatados com a Itália, com a Itália! Brasil melhor que 90% da america do sul.  Mesmo que caiamos no raking por causa dos últimos casos de corrupção, nada justifica ou justificará se falar que o Brasil é um horror absoluto completo por causa da corrupção.  Eu falei de corrupção  porque a corrupção acaba sendo uma "instituição" na prática e muitos argumentam contra o Brasil e a favor de outros países justamente falando da corrupção comparativa.

Mitos que as instituições dos países desenvolvidos são fortes e merecem louvor e tratamento diferenciado, mito que o Brasil é extremamente corrupto e tem instituições não confiáveis absolutamente falando. Como o mundo "vive" de mitos, ou melhor é manipulado por mitos!!!

Agora, algo muito importante, e se as instituições "fortes", não são correlacionadas com o desenvolvimento economico? Ai, é pior ainda, porque estamos aqui argumentando sobre instituiçoes fortes e essas instituições não são, na verdade, um fator determinante para o desenvolvimento econômico. Isso é provavelmente verdade.  Um paper do Faculty of Economics, University of Cambridge (http://hajoonchang.net/wp-content/uploads/2011/01/JOIE-institutions-and-development-published.pdf) , fala que certos aspectos de instituições "fortes"( proriedade privada, por exemplo), que, em tese, existem em países desenvolvidos, não têm correlação histórica com o desenvolvimento econômico e,que, na verdade, países que mudaram suas instituições para um modelo mais neo liberal, passaram a desenvolver-se menos e não mais nos últimos 30 anos.  Modelos mais rígidos acabaram registrando um desenvolvimento mais forte, em média, no mundo, pense na China agora como exemplo máximo

A China. Corrupta, muito mais que o Brasil, sistema judiciário bem menos desenvolvido que o nosso, quebram contratos a toda hora, dão calotes em patentes e etc.  Hoje, a China é o motor do mundo e seu desenvolvimento econômico e social é sem precedentes. Agora, me digam por que usam o argumento de que o Brasil deve pagar juros astronômicos por casa de suas instituições fracas, ou mesmo, por causa da corrupção relativa gigantesca?  O que temos que aprender sobre o mundo de hoje é, se houver aceitação da moeda local pela população e aceitação dos títulos públicos como ha no Brasil (mesmo com o ódio do PT), se houver um banco central e não houver problemas de oferta para causar inflação, o céu é o limite em termos de desenvolvimento, mesmo para países de "casta baixa" como o Brasil e a China. "Instituições fortes", foi um argumento inventado pelos países "desenvolvidos" para nos doutrinar mais e mais. Esse argumento de instituições fortes começou mesmo no início na década de 90. Antes disso, pouco era clamado sobre a correlação entre instituições fortes e o desenvolvimento. Espero que meu amigo que comentou o texto anterior esteja completamente satisfeito. Espero que entendamos que, nem sempre as teses adotadas pelas instituições e pelo meio acadêmico são as mais corretas.  Temos, muitas vezes, que pensar por nós mesmos.

4 comments:

  1. Chicken para mim é quem faz blog anônimo!!!

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    1. http://www.economist.com/blogs/economist-explains/2013/09/economist-explains-itself-1

      The main reason for anonymity, however, is a belief that what is written is more important than who writes it. In the words of Geoffrey Crowther, our editor from 1938 to 1956, anonymity keeps the editor "not the master but the servant of something far greater than himself…it gives to the paper an astonishing momentum of thought and principle."

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    2. A diferença do Brasil para os países desenvolvidos é a mesma deste blog para a economist. Mostra a cara, Chicken!!!

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    3. Last night I dreamed of chickens,
      there were chickens everywhere,
      they were standing on my stomach,
      they were nesting in my hair,
      they were pecking at my pillow,
      they were hopping on my head,
      they were ruffling up their feathers
      as they raced about my bed.

      They were on the chairs and tables,
      they were on the chandeliers,
      they were roosting in the corners,
      they were clucking in my ears,
      there were chickens, chickens, chickens
      for as far as I could see...
      when I woke today, I noticed
      there were eggs on top of me.

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