Wednesday 24 June 2015

O Brasil, Portugal, EUA, China e etc; economia familiar vs economia do governo; a ignorância e ou hipocrisia dos políticos e intelectuais.

Os anos passam e os anos voam, mas certas coisas não mudam. Sempre existirão os manipuladores e os manipulados ou sempre haverá aquele exército ou aquela polícia / exército quase que invencível, que estará vigiando o interesse de poucos em detrimento do interesse de muitos, seja por ignorância que a "academia econômica" provém, seja por pura má fé mesmo; eu prefiro acreditar que seja por ignorância. É verdade que, ao longo do tempo, houve um grande avanço social no mundo e comparada à época medieval, estamos muito melhores em termos de diferença econômico financeira social hoje em dia.  É verdade que, também, muito menos pessoas proporcionalmente aos períodos em questão são subnutridas, mas o fato é que o "esquema" permanece o mesmo, existem manipulados e manipuladores e é muito difícil argumentar contra essa tese. Outra situação muito importante a notar é que nos países desenvolvidos, a diferença social entre ricos e pobres parou de melhorar nos últimos 20 anos, e, com isso, temos que imediatamente parar para pensar, pois a ideia não é tirar dinheiro dos ricos para dar aos pobres, a ideia é dar equivalência de oportunidades básicas a população e criar valor agregado nas economias. O Brasil, hoje, está em situação difícil, pois a inflação corrente é alta, mas, com certeza, esta inflação cairá e mesmo que esse texto tenha uma perspectiva global; mesmo o Brasil, que todos acham um lixo, também pode ser incluído no raciocínio que segue no texto. Políticos e intelectuais, como é de praxe, fazem a opinião pública pensar que a economia de uma família é similar a economia de um governo, logo, a economia do governo tem que ser austera, se não, pode quebrar / falir, ou pelo menos, passar por grandes problemas. A verdade é que o governo é monopolista ou "price maker" do dinheiro a as famílias são "price takers" do dinheiro, pois o governo é responsável pela criação do dinheiro (única moeda legal aceitável legalmente), o governo também pode controlar o crédito geral da economia e pode, também, ao seu critério, ajustar o custo deste dinheiro, algo que chamamos de juro.  Essa função, de criação de dinheiro ou crédito, é dividida com os bancos privados, que também podem criar dinheiro via crédito, porém, os bancos privados, em tese, são ou deveriam ser como as famílias, ou seja, terem restrições orçamentárias e poderem, de repente, quebrar / falir. No UK, há pouco tempo, as eleições foram ganhas por um partido que falava que as pessoas deveriam ter cuidado, e que o seu governo deveria ser administrado como uma família, ou seja, com austeridade, e agora falam em mais austeridade, cortes no orçamento, ou seja, falam em corte na criação de dinheiro por parte do governo. Em Portugal, muitos falam que as eleições vão ser ganhas por conservadores, também austeros, e que o argumento, "administre seu país com austeridade como uma família deve fazer", novamente está influenciando "injustamente" as mentes do eleitorado. Espero que seja por ignorância. Em Portugal, em todo caso, as pessoas vivem sem sua soberania fiscal e monetária, pois, essa soberania mora em Bruxelas, no coração da União Europeia, isso tudo porque os Portugueses acham que, realmente, a economia de uma família é semelhante à economia de um governo e acham que devem viver melhor na zona do Euro e que fora dela, a vida seria terrível, quando isto não é verdade, nem de perto.  Estar na união Europeia para Portugal significa quase que Portugal tenha um câmbio nacional fixo ou pegado a outra moeda, e a tese que segue se refere única e exclusivamente a sistemas econômicos que trabalhem com câmbio flutuante e com moeda nacional aceita.  A vida dos portugueses pode ser melhor, mas essa é uma decisão da União Europeia e não dos portugueses; a tese abaixo pode ser aplicada para a Europa como um todo, mas quando há discriminação clara entre países usando a mesma moeda, tenho obrigação de mostrar que o argumento que segue abaixo vale para uma reflexão dos Portugueses. A reflexão sobre à possibilidade do governo gastar mais e melhorar a vida da sociedade e não ao contrário.  Muito provavelmente a vida dos portugueses fora da Europa seria muito melhor no médio e longo prazos, nada como poder decidir seu próprio destino dentro da nova norma mundial de fiat currency,( sistema de papel moeda sem lastro físico) .  

Imaginem uma família nuclear com 2 filhos, ou seja 4 pessoas morando na casa. Em uma época, a inflação vai subindo um pouco mais, o salário da família não está mais cobrindo as despesas mais básicas ou fixas e o marido e ou esposa resolvem que vão procurar mais um emprego, pois, se não, a família vai acabar inadimplente / quebrada.  Isso é a vida real de uma família, essa é a vida do setor privado e os políticos querem nos fazer acreditar que o dinheiro é escasso também para o governo e que não há muito o que fazer porque, se não, a sociedade vai ver grande inflação ou porque, para que o governo gaste, ele tem que, antes, receber impostos ou competir por dinheiro na economia com o setor privado, emitindo dívidas, podendo levar as taxas de juros para estratosfera, pois, afinal, o dinheiro tem que vir de algum lugar, vale ler o texto, ( http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2015/04/o-que-e-dinheiro-o-que-e-qe-o-brasil-e.html ). Tudo isso é uma grande "balela", me desculpem aos mais sensíveis. O governo está em posição completamente diferente de uma família, ou do que o conjunto de todas as famílias e também do conjunto de todas as empresas privadas que existam em determinado país; governo é governo e setor privado é setor privado. Essas restrições de dinheiro só existiam ou existem tanto para o setor público como para o setor privado, quando havia a restrição do padrão ouro ou quando, na modernidade, um país, resolve pegar (peg) a sua moeda a uma outra moeda referência, com tem sido o caso do dólar para alguns países na história recente. Nesses dois casos, sim, existe uma restrição monetária, pois para criar dinheiro novo, vai existir um contra partida inevitável no sistema, sistema esse de tamanho finito, pois existe uma quantidade finita de recursos / dinheiro a disposição em um sistema de moeda "pegada" ou fixa a outra moeda. No caso do peg moderno, isto nada mais é do que uma auto imposição política, ou decisão política de criar essa restrição e não é relacionada a vontade dos mercados, é uma escolha do governo e não imposição dos mercados. Como vai ser explicado, hoje em dia, se houver alguma organização mínima em um país, o céu é o limite ou a inflação é para o governo que, junto ao setor privado podem criar um mundo mais justo e mais farto para todos. Não que eu ache que mundo farto seja o melhor caminho para o ser humano, mas já que os intelectuais, políticos e CEOs, estão andando de barco de 100 pés, enquanto existe uma geração inteira ( "Milllennials") no mundo todo, sem muita perspectiva e que nem tenham a ambição de, sequer, possuir uma bicicleta ( "post ownership society") eu sou obrigado a querer uma certa nivelação nessa história, pois o dinheiro não pode ser tão fácil para uns e tão difícil para outros, ainda por cima, com o governo querendo fazer a sociedade acreditar que, se o governo gastar menos vai ser sempre melhor para a economia e que com menos intervenção do governo as coisa serão sempre boas e determinadas pelo mercado, quando isso não existe na prática, e sim, nos livros de economia escritos antes da década de 70, que jamais contemplaram a realidade do mundo moderno e que estavam atrelados ao padrão ou restrição do ouro. Mesmo na interpretação mais arrojada da teoria neo Keynesiana possível, não existe a clareza da observação dos últimos 20 anos do mundo e, por isso, não podemos ficar quietos, pois estamos sendo manipulados, vale ler ( http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2015/04/gravity-heat-light-money-and-freedom.html ). Vale ler também ( http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2015/03/sobre-os-aforismas-economicos.html )

Quando eu digo que a economia de um governo é completamente diferente de uma economia de uma família, eu não estou só supondo, isso é observável e qualquer um pode observar.  Notem, o governo é uma espada na sua cabeça, sempre foi e sempre será, infelizmente, é a vida como ela é.  O governo impõem que as famílias paguem impostos na moeda que aquele mesmo governo criou, ou seja, para a família poder ficar solvente com o estado, tem, necessariamente, que correr atrás dos créditos que o governo aceite para a família poder ficar solvente. Ou seja, as família têm que ganhar esse dinheiro para depois pagar impostos; já o governo, só pode criar impostos se criar o dinheiro ou permitir que bancos privados criem dinheiro antes, para que aí o estado possa arrecadar, uma coisa não pode acontecer sem a outra ter acontecido antes. Primeiro cria-se o dinheiro, depois paga - se o imposto, é impossível pagar impostos sem dinheiro.  O estado está em posição inversa a família em termos de dinheiro. Ou seja, o estado é monopolista da criação de moeda aceita na economia, já as famílias são os que tem que correr atrás do dinheiro para estarem solventes com o estado. Dentro dessa tese, como é obvio, entra o fator de coação do governos, o governo é que possui o poder da polícia, do exercito e de fazer leis, com isso, pode realmente impor / implantar a disciplina necessária para que as famílias fiquem "em dia" com o governo e com esse mesmo dinheiro, podem consumir produtos e serviços na economia.

Mas porque eu estou tentando indicar que dentro de um sistema de moeda / câmbio flutuante, que o dinheiro do governo é praticamente ilimitado e o dinheiro das famílias não é ilimitado?  Por que esse argumento político austero é pura demagogia e ou ignorância?  Temos que entender que para haver renda tem que haver gasto, é impossível o dinheiro ser gasto sem antes ter sido criado ou pelo governo ou por algum banco, ou seja, em um sistema de fiat currency, o governo pode criar o dinheiro que for necessário para amenizar o ciclo econômico e evitar que as pessoas sofram em uma sociedade. Mais uma vez, não é que eu seja a favor ou não de não termos mais ciclos econômicos de boom e bust como seria o clássico da economia moderna liberal, eu só estou observando o que vem acontecendo nos últimos 20 anos e noto que os governo, absolutamente, não têm limites de dinheiro e que a inflação, que é o único limitador da criação desse dinheiro por parte do estado, não acontece no mundo na maioria maciça dos casos hoje em dia, isso, se, não forem todos os casos.  Países que já estão tentando a criação de inflação via déficits fiscais colossais e ou via QEs colossais, um deles até por mais de 20 anos (Japão) não estão conseguindo criar inflação, acho que isso já é evidência suficiente. Mas não vamos perder o foco.

Na época do padrão ouro, assim como as famílias, os governo tinham que tomar cuidado com os gastos e com a criação do dinheiro em uma economia, pois o governo sabia que um cidadão poderia ir ao banco querer pegar / sacar a sua barrinha de ouro e esta barrinha deveria estar depositada nos cofres do governo, ou seja, existia uma restrição clara a criação de dinheiro que era exatamente a quantidade de ouro existente. Como as famílias, os governos tinham que tomar cuidado com os gastos, pois poderiam ficar sem seu estoque de ouro e "quebrar". Contudo, em 1971 o último país no mundo a ter algum "peg" com o ouro foi os EUA, e nesse ano, os dólares que haviam sido "abraçados" como moeda reserva e de mercado internacional pelo mundo após a segunda guerra mundial, não possuía mais nenhum ouro / lastro residual guardado para a população americana ou detentores desses dólares pelo mundo.  Ou seja, a grande restrição para o governo criar moeda que era o ouro, desaparecera.  (Notem que quando ou falo do padrão ouro eu falo, também, de sistemas que tenham moedas pegadas ( peg) a alguma outra moeda como o dólar; nessas economias, a moeda de (peg) funciona como o ouro funcionava em termos de restrição a criação de dinheiro por parte de um governo. Os leitores têm que entender que o raciocínio que tento colocar aqui nessa redação é para sistemas econômicos de moedas flutuantes e moedas nacionais aceitas por suas populações e não moeda fixa / pegada em outra moeda.)

Nos últimos 20 anos, temos visto o Japão garantir sua "integridade" econômica da seguinte forma. O governo japonês vem criando cada vez mais dinheiro / dívidas e isso vem "enriquecendo" sua população / famílias, vale ler ( http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2015/04/o-brasil-e-teoria-monetaria-moderna.html ), pois quanto mais dinheiro é criado e gasto pelo governo mais as famílias conseguem ter acesso a esse dinheiro e mais próspero ou estável é o país. O governo do Japão, tem dívida sobre PIB de 220%, o banco central do Japão possui mais de $6tri em ativos (100% do PIB, fora o off balance sheet) ou seja, com tanto dinheiro / dívida / gasto pelo governo é obvio que a economia, mesmo cada vez mais fraca na parte privada, iria sobreviver e muito bem obrigado. Nada como governos endividados para garantirem sociedades mais prósperas e ricas.  Eu não estou, de forma nenhuma, excluindo o mérito do setor privado japonês, nem estou deixando de lado todo o crédito privado, que também gerou riqueza aos cidadãos, só estou falando que na presença de déficits ficais gigantes da para fazer de tudo, desde garantir a própria dívida gigante, passando por um estado rico, um exercito forte, mas, também, podendo salvar empresas do setor privado como vem acontecendo a torto e a direito no Japão. Agora me falem, a economia do governo é igual a economia de uma família? Ou, se a economia possuir um câmbio flutuante, se os cidadãos daquele país reconhecerem a moedas do seu país como "riqueza", o céu é o limite para os gastos governamentais? Com certeza sim.  Pensando bem nisso, o bem estar social geral não é mais questão econômica de restrição, mas sim, uma questão moral, pois não há restrição de dinheiro, a única restrição é a inflação.  Mais uma vez, não fui eu quem escolhi esse caminho, foram os EUA, Japão, UK e União Europeia, eu só estou constatando os fatos e indicando que os políticos e intelectuais são ignorantes ou mal intencionados com argumentos de austeridade. Esses países desenvolvidos sempre impuseram a cartilha "medonha" de austeridade do FMI para os países em desenvolvimento com problemas ao longo do tempo, mas na hora que esses mesmos países "desenvolvidos" deveriam seguir essa cartilha ( em tese), não quiseram; ia ser muito difícil para eles aguentarem, assim não da!!! Santa Paciência!!! Na Europa pegaram a Grécia e Portugal para "cristo" na parte fiscal, e o resto dos países? e os EUA e o UK e o Japão? ( Não estou retirando as culpas parciais desses países da Europa, mas já que existem leis a serem seguidas, que todos as sigam e não só os "piores países"). O que aconteceu na China nos últimos 10 anos? O Crédito basicamente explodiu patrocinado pelo governo. Nos últimos 6 anos os chineses construíram um setor financeiro do tamanho do setor financeiro dos EUA, a prosperidade foi e tem sido gigantesca e, o melhor, nada do incômodo de inflação.  Mais uma vez, como a China criou tanta riqueza em tão pouco tempo? O dinheiro apareceu de repente? Claro que não, o dinheiro foi criado e ponto final, isto não é discutível, isto é um fato. Os chineses entenderam bem, principalmente após a crise de 2008, que austeridade do governo é uma "esquema" e um argumento furado e, por isso, foram as compras! e estão muito bem obrigado por mais mal que tentem falar do país. E 2008, por que essa crise é tão importante para o argumento? O que aconteceu nos EUA, UK e Europa em 2008?

Para que o texto não fique muito longo, vamos falar do exemplo dos EUA.  Para entendermos 2008, temos que voltar a década anterior, onde, o setor privado começou a tomar crédito e mais crédito na economia, ao ponto de tomar crédito em um ritmo de 7% do PIB por ano ( na ausência de déficit público), algo que criou muita riqueza, mas acabou criando a bolha da internet no Nasdaq que subsequentemente estourou e junto com o evento 11 de setembro ( terrorismo), jogaram a economia americana "na lama".  É claro que eu não coloco a culpa dessa crise ou de outras crises só no setor privado, é claro que o setor publico tem culpa também, o setor privado é só o responsável pela exuberância ou magnitude dos ciclos, tanto para baixo, quanto para cima ( na grande maioria das vezes) e cabe ao governo, na hora da crise, entrar com mão forte para garantir o bem estar da população e optar por menor stress, afinal, o dinheiro do governo é ilimitado e só a inflação é o limite para a criação do dinheiro. Outra tese é: Cabe ao governo fiscalizar e controlar mais o setor privado para que essa volatilidade econômica não volte a acontecer da forma que vem acontecendo há 100 anos, para não falar 1000 anos, de todo modo, o governo tem que ser peça fundamental na economia ou fiscalizando ou suportando financeiramente. Mais uma vez, não sou eu que escolheu governos tão ativos, foram os países que mandam no mundo. Logo depois dessa crise do Nasdaq o banco central americano jogou a taxa de juro para 1%, o governo começou uma campanha gigantesca para incentivar o setor de imóveis, a economia recuperou bem, mas, novamente, os bancos privados exageraram, ou seja, mais uma vez, o setor privado se lambuzou mediante a fraca fiscalização do estado e boom!!, de repente todos os bancos do mundo desenvolvidos estavam quebrados e nem empresas de altíssima qualidade fora do setor financeiro conseguiam rolar dívidas de curo prazo; o sistema financeiro mundial congelou / quebrou em 2008, pois ficou claro que existia muito pouco dinheiro para "carregar" tantos ativos nos balanços e fora dos balanços dos bancos privados e as empresas privadas de hipotecas, que eram "patrocinadas" pelo governo americano, as GSEs, também quebraram e o que aconteceu depois? cartilha do FMI? Nem pensar!! Os EUA nunca optaram por austeridade, nunca! depois dessa crise aparecer. O banco central americano comprou $5 tri em ativos do sistema ( principalmente títulos do próprio governo americano :) ), o governo americano criou mais de $6 tri em dívidas novas e a economia e vários bancos e empresas privadas foram salvas pelo dinheiro público criado imediatamente. Agora me falem, novamente, a economia de um governo é igual a economia de uma família? Claro que não!  

Mas e a inflação, que é a maior restrição para os gastos gerais de uma economia? Hoje, países, que possuam algum grau de desenvolvimento, trabalham com uma economia on line, ou seja, quando uma demanda é percebida, a oferta é logo adequada aquela demanda nova e a inflação não ocorre. Não adianta tentar, mais uma vez, aplicar leis que foram escritas há 50 anos, ou antes do padrão ouro acabar, ou antes do computador ser inventado, ou antes do celular ser inventado, ou antes da internet ser inventada ou antes que os softwares avançados tenham sido inventados, vivemos em um mundo online e na presença de um mínimo de organização é muito difícil gerar inflação mesmo com o governo gastando ou tendo dívidas gigantes, muito pelo contrário, está sendo difícil para o mundo, mesmo com governos muito maiores, gerar alguma inflação no mundo desenvolvido. É só olhar para o Japão que foi o país que mais criou dinheiro proporcionalmente no mundo e sofre com os riscos de deflação ha anos. Olhe para a China que tinha $7 tri em ativos financeiros em 2008 e hoje tem $28 tri, olhe para a china que consumiu em 4 anos mais cimento do que os EUA consumiram em toda a sua história, olhe para a China e veja um país que consome 65% de todos os commodities do mundo e que não tem problema nenhum de inflação. Olhe para o UK que vem rodando déficits fiscais governamentais desde 2002, e que nos últimos 5 anos rodou déficits fiscais de 8 e até 10% do PIB, que ainda roda déficit fiscal de 5% e vai rodar mais déficits, algo que salvou a economia depois de 2008, cadê a inflação incômoda no UK? Não há. ( Existem claramente outros motivos para a melhora da economia do UK após 2008, só estou indicando que os déficits fiscais gigantes ajudaram brutalmente).  Digam se não é estranho que o partido que falou de austeridade tenha ganho a eleição no UK ha pouco tempo. Partido esse que fala que a economia estatal tem que ser administrada como a economia de uma família, isso, depois de salvarem bancos privados e executarem hipotecas nos últimos 6 anos. Agora, vem a austeridade? por que? há algum problema de inflação no UK? está havendo alguma super desvalorização da moeda do UK? Está havendo corridas aos bancos no UK? Não? Então porque arroxar as contas? Ignorância? Má fé? É realmente incrível a hipocrisia e a manipulação da opinião pública.

E o Brasil? O juro é a maior praga do Brasil, arrebata aproximadamente 30% da arrecadação de impostos e não se justifica mundialmente falando. Um juro real de 6% é pago no Brasil, no mundo de hoje, é comparável a uma situação de guerra civil, e essa não é a situação do Brasil.  É inadmissível que o furo ou carrego financeiro do Brasil seja tão alto.  "Nenhuma" empresa em um mercado competitivo aguenta esse "carrego"/custo financeiro. O Brasil passa por um momento muito difícil, principalmente por causa da inflação corrente que está bem acima da média da inflação dos últimos vários anos.  Como tenho falado ao longo do texto, inflação é o limite e, por isso, o Brasil tem mesmo, que tomar cuidado.  Vale focar no contexto.  Vale notar um monte de eventos positivos que ocorreram nos últimos 10 anos no Brasil. Mais de 100 milhões de pessoas foram beneficiadas por programas sociais para uma inclusão social relativa, isto também ajudou o resto da economia, pois esses gastos acabam sendo renda de outras pessoas como venho explicando nesse texto, e nessa parte o Brasil agiu muito bem. O Brasil também conseguiu algo historicamente impensável, conseguiu colocar a economia em pleno emprego, com dívida líquida pública menor.  Contudo, recentemente, o governo cometeu erros claros e graves, muito provavelmente para garantir a reeleição. O principal deles, acredito, tenha sido tentar estimular mais a economia via mais crédito público em um momento que já estávamos com a taxa de desemprego abaixo de sua taxa natural e na presença de produtividade marginal negativa do trabalhador. Além disso, na presença recente dos programa de incentivo ao estudo, por volta de 3 milhões de pessoas saíram da população economicamente ativa para estudar, isto acabou apertando ainda mais o mercado de trabalho puxando para cima os preços principalmente dos serviços, vale ler ( http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2014/11/a-engenharia-da-inflacao.html ) e vale ler também  (http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2015/04/fies-mantega-e-inflacao.html ) .  Esses fatores foram o "empurrão final" para que a inflação "espirrasse" no Brasil. Logicamente, que, vimos problemas de oferta de água / energia, vimos defasagens no preço da gasolina; preço este, que voltou a se "alinhar" em termos internacionais recentemente. Agora, algo muito importante a notar é, a economia brasileira brilhou durante alguns vários anos, mas foi sempre a base de estímulo da demanda e sem investir na oferta. Infelizmente, o Brasil não entra naquele grupo de países com economia on line; on line até é, mas a infra estrutura e muitas leis "pecam" e, com isso, a possibilidade de conciliar oferta e demanda no Brasil é muito mais demorada.  Vimos, também, uma desvalorização cambial substancial nos últimos 24 meses que também pressionou muito a inflação ( fenômeno mundial de alta no dólar, principalmente nos últimos 18 meses).  Finalmente, a inflação também subiu, porque temos leis ruins para a inflação com uma economia indexada, uma constituição mal feita para nossa época, ou seja, N fatores contribuíram para a inflação do Brasil subir. Contundo, essa inflação vai ceder e se o governo for mais "esperto" vai começar a investir na parte da oferta da economia, com a liderança do Mangabeira Unger, para, aí sim, nos transformarmos em um país mais estruturado, podendo, assim, usufruir de grandes déficits e dívidas sem criar inflação com vem acontecendo em boa parte do mundo.  O que não pode acontecer no Brasil é querer só investir em tijolos sobre tijolos, e querer dar empréstimos subsidiados ( TJLP é um absurdo), é querer ceder empréstimos para grandes empresas esquecendo do médio e micro empresário, ou seja, muita coisa tem que mudar para podermos seguir em frente de maneira mais eficiente, ( principalmente leis). Temos que investir em empregos de maior valor agregado e temos que crescer de dentro para fora, adicionando valor as atividades já existentes. Para que possuir uma fábrica de óleo especial vindo da Amazônia, por exemplo, e exportar o óleo para outro país?  Por que não, ao lado da fábrica de óleo, não construir outra fábrica para adicionar valor a esse óleo e vender um produto com maior valor agregado? Por que deixar que outros países fiquem com a maior parte do lucro e com o maior imposto do produto final mais caro? O brasil precisa amadurecer. Já está mais do que provado, que a correlação entre inflação e juro é bem fraca no Brasil e que a Inflação tende a responder muito mais ao dólar e ao crédito do que qualquer outra coisa. O Brasil não precisa de ajuste fiscal feito da maneira que está sendo feito, estrangulando a economia, o Brasil precisa é de cortar os juros, isso sim, vai economizar muito dinheiro, vale ler http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2015/04/juros-real-vergonha-nacional-o-brasil-e.html ). O Brasil é credor internacional hoje em dia, porque não paga a dívida em dólar? para que manter uma dívida em dólar? Vale ler ( http://itisallabiglie.blogspot.com.br/2015/02/requerimento-de-legislacao-para-atenuar.html )
                    
Não podemos nos deixar enganar ou influenciar pelos intelectuais de economia e políticos da atualidade.  Essas pessoas, por mais famosas que sejam, estudaram e receberam seus PHDs de uma "ciência econômica" antiquada como venho explicando. Gestores de fundos, economistas famosos, "todos" estão presos a velhas ordens econômicas de antes do final do padrão ouro. Nenhum ou muito poucos deles sequer contemplaram o que eu descrevi acima e continuam a "berrar"que a economia de um governo tem que se comportar como uma economia familiar, isto não é verdade como é observado pelo mundo e como foi escrito acima.  A pergunta é, quando vamos nos tocar que a maioria maciça dos economistas pensa de maneira errada hoje em dia?  Por que a China não serve de exemplo? Por que a crise de 2008 não abriu os olhos de todo mundo mostrando que a teoria econômica de governo restrito não se aplica mais? Amigos, temos que nos conscientizar e para aqueles que trabalham no mercado financeiro, esses, têm que se apressar mais ainda nessa "reciclagem", porque se forem "apostar" no mercado com o livro texto debaixo do braço, vão perder dinheiro seguidamente e seguidamente, pois, na prática, os fundamentos do livro texto não estão convergindo para a variação de preço de quase nenhum ativo no mundo ou vice versa.  Essa tendência tende só a piorar na medida que a teoria economia moderna vai se espalhando pelos corredores dos bancos, corretoras e universidades. Tudo isso vai ficar cada vez mais claro ao longo do tempo.