Wednesday 29 October 2014

Tower of Babel

The author of the Book of Genesis is particularly cunning on the narrative of the tower of babel: “And the Lord said, Behold, the people is one, and they have all one language; and this they begin to do: and now nothing will be restrained from them, which they have imagined to do.” The constraints to power arise because of discord: agreement unleashes an unbounded potential of possibilities. This is what has happened in mid-2012:  the central bankers of the world united their languages and spread abroad the message of “to do whatever it takes”. Market forces could question their audacity of doing whatever it takes, but in mid-2012, market’s participants were willing to believe in it. The great rally begun.  
Even though the central bankers adopted one language, politicians did not. The ramifications of the great rally on the real economies were dissonant.  While U.S. economy responded with moderated enthusiasm to the riches created by the rally, after all multi-millionaires still cultivate extravagant habits, most European economies and Japan barely responded. For a while investors could tell themselves that eventually those crazy Europeans bureaucrats and politicians would broke an agreement to provide fiscal and banking stimulus. Eventually Japanese exports would rise in response to a major shock in relative prices. Eventually the top of the Tower of Babel would reach unto heaven.

Today, with its extremely hawkish statement, the Federal Open Market Committee has acted solo. “Go to, let us go down, and there confound their language, that they may not understand one another´s speech.” Grandma Yellen is not anymore speaking the same language of Almighty Draghi. There is no more scope for “eventually”: dissonant economic policies imply an urgent need of action, and policy makers have hitherto shown very limited skills to act under pressure. There is little hope for something different now. Dangerous times are ahead us. “So the Lord scattered them abroad from thence upon the face of all earth: and they left off to build the city”.

Modernidade

Antes de Armínio era uma zorra total. Banco central tinha meta de agregado monetário, fazia-se política econômica com IOF e compulsório, vendia-se estatal para fechar as contas públicas. Gustavo deixava os juros na estratosfera e Pedro mantinha o deficit rodando solto. Mas eis que veio Armínio, e Armínio trouxe consigo a modernidade. O saber fazer do mainstream financista mundial. E trouxe consigo o mainstream do pensamento econômico neo-liberal. Levou a modernidade para o centro do poder. De repente todo o governo parecia ser moderno. E o mainstream mundial veio nos ensinar como sermos modernos. Assim como se fossemos nada mais do que um mini-me da modernidade desenvolvida: faz assim, ajusta aqui,finge que isto dá certo que funciona, isto deveria ser importante mas a gente descobriu que não é, diziam eles. Quem não iria concordar: afinal eram modernos. Oras, os bancos não eram modernos. Os departamentos econômicos dos bancos não eram modernos. Como admitir que o setor público seja mais moderno que o setor privado? Eis que os bancos se tornaram modernos, trazendo para dentro de si o maintream da modernidade. Agora os bancos eram tão modernos quanto o governo federal. Eis que algo peculiar acontece: a imprensa não era moderna, mas como jornalista não precisa ser moderno, apenas ser amigo de quem é moderno, eis que a modernidade dos bancos começou a catequizar a opinião pública. E pensaram: já que estamos ensinando modernidade para a opinião pública, porque não ensinar modernidade para os nosso clientes? Eis que começaram também a catequizar os empresários, os comerciantes, os ricos, os nem tão ricos mas suficientemente ricos para beberam do elixir da modernidade. Mas como assim, agora que os bancos são modernos, as corretoras de valores, os bancos de investimentos, enfim toda esta galera que tenta convencer os outros de alguma coisa, também precisavam ser modernas. E eis que trouxeram para dentro de si o mainstream da modernidade. Agora todas aquelas entidades que emitem opiniões substanciadas por aí eram modernas. E no império da modernidade, quem não é moderno perde emprego. Todo mundo virou moderno.

E eis que descobrimos que também o ex-operário agora presidente, este também era moderno. Aliás, mais moderno que os modernos. Moderno ao quadrado diriam alguns. E celebramos a modernidade, também conhecida por alguns como bolsa rentista. Mas eis que o inesperado surge, do nada, não sem aviso mas ainda assim brutal em sua violência: a modernidade colapsa em 2008. Quando chegou a hora dos desenvolvidos serem modernos, nada disso: modernidade era só para país subdesenvolvido. País central tem tradição, tem nome, tem história, não dá para ser moderno. E ficar moderno ficou assim em desuso. Só que no Brasil todo mundo tinha acabado de virar moderno. Como assim não é mais para sermos modernos? Que história é essa!? Eu continuo moderno, se os outros não querem ser modernos problema deles. Mas o ex-operário agora presidente re-eleito era mais pragmático: vamos deixar de ser modernos e simplesmente não avisar ninguém. Vamos colar no companheiro Obrama, mas não avisa ninguém por aqui não, porque você sabe né, pessoal por aqui recém-moderno pode ficar chateado. Funcionou por algum tempo. Dilma não era moderna, mas fingia ser. Só que fingia mal. Correu a boca miúda que na verdade o governo Dilma não era moderno não. Era arcaico com maquiagem de modernidade. E os modernos cheios de sua modernidade aguardaram o momento exato para denunciar que a rainha não estava moderna. Esperaram, esperaram, esperaram. Aí o arauto do arcaísmo, o barbudo do século XXI, Ben Bernanke resolveu falar umas poucas e boas em maio de 2013. E os modernos viram a oportunidade da vida. Saíram pela rua gritando: a rainha não é moderna, a rainha não é moderna, a rainha não é moderna. E os modernos se escandalizaram. Lembrando-se dos tempos em que não eram modernos não entendiam como alguém poderia des-modernizar-se. Até a ex-ambientalista envergonhou-se: agora que eu sou pós-moderna vem esta daí dizer que modernidade não vale mais: boca no trombone, quero ser moderna ao cubo. Mas o povo, o povo também tinha lembranças da modernidade, e não eram lembranças boas. E pularam fora do barco. Modernidade a gente pode até aguentar, modernidade ao cubo é demais. Mas o povo até que gostava da não modernidade, esta coisa arcaica até que não é desagradável não, viu. E o povo votou na rainha do retrocesso. Pelo menos o povo lá de cima, como dizem alguns ultra-modernos. Enfim, agora a rainha tem que decidir: não dá mais para fingir modernidade. Ou se reconverte ao modernismo ou se denuncia a falácia da modernidade. A sorte está lançada.