Tuesday, 7 April 2015

O Brasil merece esse tratamento? Instituições absolutamente fracas?

No Brasil hoje, reina o ódio em relação ao PT, isso é baseado em muitas razões pertinentes, principalmente a corrupção.  Esse ódio aumenta a possibilidade da miopia coletiva popular, que já é enorme e a cegueira coletiva acabou reinando.  Ao longo dos anos, teses foram adotadas em N disciplinas, mas como saberemos se essas teses adotadas são as certas ou erradas, ou até, vamos mais longe, se essas teses realmente senvem na prática, ou apenas para os interesses de alguns poucos grupos?  Depois de esrcever o ultimo artigo, recebi um comentário que acabou dando origem a esse "documento" e o tema é: as instituições são realmente fortes no mundo desenvolvido para que exista o argumento que o Brasil ou qualquer outro país mereça "ser tratado" de maneira diferente pelas pessoas em geral e pelos mercados?  O mundo desenvolvido realmente tem se comportado bem respeitando contratos e mostrando que suas instituições são fortes? Será que o Brasil não cumpre mesmo seus contratos? Será que o Brasil merece taxas reais de juros mais altas e um tratamento internacional inferior? É claro que o Brasil tem muitas instituições fracas, mas isso é comum em toda parte pois, como diz um amigo meu, "sempre que as instituições são testadas, "abrem o bico"", ou seja, amarelaram ( chicken) para a realidade, mesmo que a realidade caracterize tudo o que tenha sido pregado de melhor por essas mesmas instituições por anos e anos; a famosa hipocrisia na hora que o sapato aperta.

Afinal, que instituições são essas que fazem do mundo desenvolvido realmente desenvolvido? O banco central europeu que fala, "what ever it takes", "farei todo o necessário"? (quando a crise realmente ficou grave). O banco central americano que falou abertamente que grande parte do seu objetivo ao fazer QE ( criação de dinheiro imediato do AR) era fazer o preço da bolsa subir, para que as pessoa se sentissem mais ricas para poderem gastar mais? Sem nenhuma vergonha na cara! Isso é sem precedentes na história do FED, que sempre disse não querer se envolver na formação de preços dos mercados. Ou, é melhor falar das fraudes contábeis de Enron e Worldcom no inicio da década passada, expondo, de vez, a fragilidade da industria de auditorias de alto nível no mundo desenvolvido. E a fraude gigante do subprime, aonde milhões de documentos foram forjados para que contratos de imóveis fossem fechados e executados nos EUA há poucos 10 anos atrás?

Ano passado, a ideia de que houve quebras de contraos no Brasil ficou muito forte, porque, em tese, o governo não deixou certos preços subirem na economia, preços esses que garantiriam retornos financeiros contratados pelas empresas com o governo.  Isso não confere.  A realidade é, nesses casos, os preços são regulados, existe uma regra intertemporal para garantir rentabilidade do contrato, algo que vai ser cumprido como sempre foi.  Não houve quebras de contrato. Os EUA como no Brasil, já congelaram os preços nos mercados; quer maior quebra de contrato do que essa? E então, esquecemos do que os outros fazem e carregamos a cruz de cristo para sempre? Existe algum complexo de inferioridade dos analistas brasileiros? Falta de informação? Doutrinação?

Algum ser humano no século 20 e 21, pensa em quebra de contrato maior do que o calote de 1970 nos EUA? Os EUA calotearam sua população em $60 bilhões de dólares em barras de ouro, um contrato de 25 anos. Para muitos o maior calote do século 20!? E então, cadê a instituição forte?  E a União Europeia? Deu calote generarizado no Chipre da noite para o dia, sendo o Chipre membro do grupo europeu.  Que instituições maravilhosas são essas que, da noite para o dia, mudam as regras do mercado financeiro, proibindo apostas contra o mercado na hora que o sapato apertou? ( "vender a descoberto": vender hoje para comprar no futuro mais barato) não pode mais porque o sapato da instiutição está ameaçado? "Não pode vender título público europeu a descoberto!!!???" Por que? Cade o liberalismo? Cadê o mercado aberto? Mais uma quebra de contrato? Pimenta no rabo alheio é refresco!!!  Que instiutições fortes e exemplares são essas que deixaram os bancos europeus marcarem seus balanços "a modelo" e não a mercado, porque, se não,"todos" os bancos estariam quebrados? Aonde está o liberalismo capitalista de mercado aberto? Tudo isso aconteceu no UK, EUA, e Europa há pouco tempo!

A corrupção. No Brasil hoje vivemos abaixo das nuvens da currupção exposta e aberta, parece uma sala de CTI / UTI de um hospital; sofrimento psicológico nas máximas.  O humor das pessoas gira em torno da corrupção, o dia a dia das pessoas gira em torno da corrupção, Um dia isso vai passar, porém vale notar estatísitcas importantes sobre corrupção no mundo. Segundo https://www.transparency.org/cpi2014/results o Brasil aparece em número 69 em termos de corrupção percebida no mundo. Notem que estamos melhores em termos de corrupção que o México e empatados com a Itália, com a Itália! Brasil melhor que 90% da america do sul.  Mesmo que caiamos no raking por causa dos últimos casos de corrupção, nada justifica ou justificará se falar que o Brasil é um horror absoluto completo por causa da corrupção.  Eu falei de corrupção  porque a corrupção acaba sendo uma "instituição" na prática e muitos argumentam contra o Brasil e a favor de outros países justamente falando da corrupção comparativa.

Mitos que as instituições dos países desenvolvidos são fortes e merecem louvor e tratamento diferenciado, mito que o Brasil é extremamente corrupto e tem instituições não confiáveis absolutamente falando. Como o mundo "vive" de mitos, ou melhor é manipulado por mitos!!!

Agora, algo muito importante, e se as instituições "fortes", não são correlacionadas com o desenvolvimento economico? Ai, é pior ainda, porque estamos aqui argumentando sobre instituiçoes fortes e essas instituições não são, na verdade, um fator determinante para o desenvolvimento econômico. Isso é provavelmente verdade.  Um paper do Faculty of Economics, University of Cambridge (http://hajoonchang.net/wp-content/uploads/2011/01/JOIE-institutions-and-development-published.pdf) , fala que certos aspectos de instituições "fortes"( proriedade privada, por exemplo), que, em tese, existem em países desenvolvidos, não têm correlação histórica com o desenvolvimento econômico e,que, na verdade, países que mudaram suas instituições para um modelo mais neo liberal, passaram a desenvolver-se menos e não mais nos últimos 30 anos.  Modelos mais rígidos acabaram registrando um desenvolvimento mais forte, em média, no mundo, pense na China agora como exemplo máximo

A China. Corrupta, muito mais que o Brasil, sistema judiciário bem menos desenvolvido que o nosso, quebram contratos a toda hora, dão calotes em patentes e etc.  Hoje, a China é o motor do mundo e seu desenvolvimento econômico e social é sem precedentes. Agora, me digam por que usam o argumento de que o Brasil deve pagar juros astronômicos por casa de suas instituições fracas, ou mesmo, por causa da corrupção relativa gigantesca?  O que temos que aprender sobre o mundo de hoje é, se houver aceitação da moeda local pela população e aceitação dos títulos públicos como ha no Brasil (mesmo com o ódio do PT), se houver um banco central e não houver problemas de oferta para causar inflação, o céu é o limite em termos de desenvolvimento, mesmo para países de "casta baixa" como o Brasil e a China. "Instituições fortes", foi um argumento inventado pelos países "desenvolvidos" para nos doutrinar mais e mais. Esse argumento de instituições fortes começou mesmo no início na década de 90. Antes disso, pouco era clamado sobre a correlação entre instituições fortes e o desenvolvimento. Espero que meu amigo que comentou o texto anterior esteja completamente satisfeito. Espero que entendamos que, nem sempre as teses adotadas pelas instituições e pelo meio acadêmico são as mais corretas.  Temos, muitas vezes, que pensar por nós mesmos.

Darwin and Economic Reforms

Frequently science advances by the proposition of theories that are able to explain certain phenomena under a certain ideological framework. Evolution theory is one of the greatest examples. Darwin proposed a reasonable mechanism that could explain life under a strictly materialistic framework of biological nature. The early enthusiasm about the theory did not derive from its empirical accomplishments, but from the attractiveness of its underlying ideological framework. It was now possible to adhere to all-encompassing materialism without any plausible rational objection. Nonetheless, the theory made very broad predictions about the nature of life, the nature of heritage, the possibility of mutations, the continuity of specie differentiation and the power of a natural selection optimization algorithm. The ultimate vindication of the theory dependent on the adequate confirmation of each of those bold predictions. Ideology in itself would hardly have been sufficient for one of the greatest scientific achievement of all time.

It is important to recognize that even though ideological reasoning can be a plausible motivation for advancement of knowledge it cannot be sufficient in itself. The inner logic of a theory, often sufficient to convince adherents of that specific ideology, cannot form the basis of proper scientific knowledge. Any theory based on ideology must be able to either make new factual predictions or explain other phenomena that are somewhat alien to the original scope of the theory.

The so-called New Institutional Economics is a good example of an ideology-based theory. By invoking high transaction costs and partial information, it proposed a mechanism, from which a system of rational self-interested agents could create, by the imposition of those with bargaining power, sub-optimal institutional frameworks. From a strictly theoretical point of view, it was nothing more than giving enough degrees of freedom to a new classical model in order to allow it to accept stable sub-optimal equilibrium. However, from an ideological point of view it was a major achievement: it was now possible to adhere to neoclassical economics without any plausible rational objection. In theory, any historical institution of societies could result by this mechanism. Even more important, it introduced the possibility of path dependency on economic development: it was plausible for an economy to be stuck in a sub-optimal equilibrium because those with bargaining power were able to devise stable institutions to serve their own interests. Just like evolution theory, it became mainstream almost overnight by those captivated by the neoclassical ideology. Both the IMF and the World Bank were eager to implement its prescriptions to their programs. It gave them as an institution, and their bureaucracy as ideologues, a new reason for existence. The era of economic reforms began: every country should be “forced” to reform their existing institutional framework to make them more like those of developed economies. It was the stairway to heaven. The global general equilibrium of all nations was within grasp.

The theory made bold predictions, or at least as bold as we can get from social sciences. First, since there is still a general equilibrium without transaction costs, there are potentially perfect institutions. Those economies that were able develop continually should be closer to those institutions. Moreover, as consequence, they should be much less subject to abnormal economic cycles than those predicted by traditional neoclassical economic models. In addition, even though there is no unique path to approach the optimal equilibrium, on the long run those idiosyncratic paths should more or less converge to each other. In other words, there should be no sustained development strategy very different from those pursued by the developed economies. Small variations in accordance to the historical idiosyncrasies of each economy are reasonable, but a radical deviation would be a huge anomaly.


How then could the 2008 economic crisis happened? How such a divergent outcome be possible? Even more shocking: it was very clearly caused by the state-of-the art institutions (like Basel capital rules). Even more shocking: how could China find a sustained development trajectory so alien to those of the past? How could an economy so far away from neo-liberal political and social institutions be the best performing economy for so long? In its bold predictions new institutional economics failed badly. Nonetheless, it continues to be preached as sacred scripture all over the developing world. Reform, reform, reform. Basle II failure? Bring us Basle III. The ultimate irony is that those proponents of the theory seem to be stuck in a suboptimal methodological equilibrium: the theory seemed too beautiful to be false.

Sunday, 5 April 2015

Disciplina para que? O Brasil e a Hipocrisia nas máximas no mundo.




Disciplina econômica sempre foi um símbolo de prosperidade.  Disciplina econômica sempre esteve presente e intensamente imposta no meio acadêmico, no mercado financeiro e entre as pessoas em geral.  Afinal de contas, economia é o estudo da administração dos bens escassos e, por isso, essa tal disciplina sempre foi ponto de foco central entre economistas e governantes.  Hoje em dia, será que disciplina de gastos, economizar, poupança têm mesmo relevância na prática?  Será que existe mesmo a necessidade de haver alguma poupança para que haja prosperidade via investimentos como muitos continuam clamando por aí, mesmo depois das consequências e atitudes tomadas após a crise de 2008? Será que os países em desenvolvimento sofreram e sofrem porque são indisciplinados fiscalmente?  Será que, realmente, imprimir dinheiro cria inflação como é afirmado a séculos? Uma coisa é notável; justamente através da história vimos que os grandes ciclos e impérios acabaram por N motivos, mas com certeza, um dos grandes vilões foi a inflação, porém, hoje isso não se aplica mais, só é uma ideia que continua nas cabeças dos burocratas hipócritas e detalhe, a tese só aplicada nos países pobres e sub desenvolvidos.

Afinal, qual é, ou pelo menos, qual deveria ser o objetivo do estudo da economia? Acredito que a resposta é muito simples.  Estudar economia é, ou deveria ser, a idéia ou tentativa de gerar bem estar social ao maior número de pessoas possível na terra sem criar inflação alta ou desconfortável tendo também em vista a manutenção responsável dos recursos naturais.  Tendo em vista que o objetivo é esse, vamos analisar a situação dos últimos anos no mundo e vamos ver se existe ou não dois pesos e duas medidas na hora de tratar países "desenvolvidos" e sub desenvolvidos.  Detalhe, coloquei países "desenvolvidos" entre aspas, pois na minha humilde opinião, tendo como base a economia clássica, ou melhor, a economia estudada nas melhores universidades pelo mundo; país que não tem como pagar suas contas, pais com bancos super alavancados e quebrados por definição, não podem ser considerados desenvolvidos, simplesmente porque faliram. Com a falência, serviços sociais avançados e da melhor qualidade deveriam cessar de existir e logo esse país desenvolvido deveria quase que imediatamente ser rebaixado a um pais em desenvolvimento ou mesmo pobre, não faz sentido para você?

Vimos o Japão entrar em grande expansão econômica após a segunda guerra mundial, e essa expansão e melhora brutal da qualidade de vida da população chegou ao ápice na década de 80.  Logo depois o que acontece? "O país ficou Insolvente baseada nas teses econômicas liberais". Na presença de muitas dívidas e contas a pagar o governo japonês começou a imprimir dinheiro para pagar suas contas e dívidas e principalmente para manter seu sistema financeiro solvente.  Eles chamavam isso de medida de emergência heterodoxa, mas o ponto é, a teoria econômica deixou de valer para aquele país, pois o dinheiro não vinha de poupança alguma e sim da "máquina de imprimir do banco central".  Até aí tudo bem, emergência, passageiro e consequências ruins iriam acabar surgindo, e logicamente, a inflação foi a primeira variável que "acendeu" na cabeça dos economistas e analistas e, muito provavelmente, tudo aquilo iria desmoronar num caos de espiral inflacionário.  Ora, todo mundo sabia que, ir contra a teoria econômica e ser indisciplinado só poderia acabar em problemas. 

O que nós vemos hoje no Japão? O bem estar social continua a todo vapor, o desemprego é baixíssimo, não há nenhuma inflação, muito pelo contrário, eles vêm lutando contra a deflação há muitos anos e o principal, a impressão de dinheiro que seria passageira e emergencial continua até hoje, e o "pior" ainda, mais dinheiro do que nunca é criado do AR nos dias de hoje.  Além de tudo, o país tem uma dívida do governo de 220% do PIB ( parece até piada, ou mesmo uma lenda, conto de fadas).  O que houve com a teoria econômica da inflação por indisciplina e olhem que estamos falando na pior indisciplina da teoria econômica, a criação de dinheiro sem lastro ou como costumo falar, dinheiro do AR?

O que é inflação? E porque esse fenômeno jamais aconteceu no Japão após o início da "crise"?  Inflação acontece quando a demanda é maior do que a oferta por tempo suficiente para jogar os preços para cima; mas e se a oferta for sempre equilibrada ou até maior que a demanda mesmo com dinheiro do AR?  Resposta, não há inflação alguma, muito pelo contrário.  Mas os economistas são teimosos, os economistas são convictos e mesmo sem entenderem nada, clamavam que o Japão era uma exceção a regra e que não era possível para o resto do mundo fazer o mesmo, eu aceitei a tese, o mercado aceitou a tese e o mundo continuou girando.

A crise de 2008 chegou, EUA, Europa, UK literalmente quebraram e que fizeram? Disciplina fiscal? Nem pensar. Deixar os bancos e segurados e várias outras indústrias quebrarem como mando a teoria econômica liberal, nem pensar.  O que foi feito? O mesmo que foi feito no Japão.  Déficits fiscais monstruosos apareceram, socorros a bancos, seguradoras e outras indústrias aconteceram e tudo isso como? Utilizando o tal dinheiro do AR e dívidas e mais dívidas.  Cortaram gastos sociais ou até aumentaram? Pois é, aumentaram.  Houve alguma inflação? Não, muito pelo contrário, hoje esses países estão com inflação baixíssima ou até deflação e suas taxas de juros estão a zero ou negativas.  Juros zero ou negativo??? Mas, e toda a indisciplina não deveria justamente levar os juros as alturas por causa do maior risco? Pois é, nada disso aconteceu ou acontece hoje em dia.  Os bancos centrais tomam conta e garantem "o esquema".

Hoje pedem que o Brasil tenha disciplina fiscal, que corte gastos, que aumente impostos que faça exatamente tudo o que os países "desenvolvidos" não fizeram e não fazem.  Isso tudo também é "exigido" para vários países sub desenvolvidos pelo mundo, mesmo que, todos os economistas, acadêmicos e participantes do mercado tenham visto que nada da teoria de inflação realmente aconteceu na prática.  Afinal, existe no mundo hoje alguma teoria de inflação confiável?  Ou o que existe é uma hipocrisia, ou mesmo, um sistema de castas no mundo financeiro aonde só os países com história de domínio possam fazer o que querem, sem deixar que outros façam também.  Ou ainda, será que países que detenham o poder bélico podem fazer o que querem mesmo que por coação e influência? A mais pura hipocrisia domina a situação mundial.

O Brasil tem inflação relativamente alta e juros astronômicos, juros impensáveis, juros acima da inflação que são o dobro da própria inflação, o mercado fala que é uma consequência! Balela!!!. Quanto da inflação do Brasil acontece via juros? Quanto de influência o juros tem na cessão de crédito, eu diria e as correlações dizem, perto de zero.  Então por que pagamos "o maior" juros real do mundo? Porque amigos existe uma cultura de que tudo tem que ser resolvido via juros, e a classe dominante e formadora de opinião acata isso, afinal é super conveniente ganhar 13% ao ano, ou 6% de juros reais somente freqüentando a praia. Que vergonha! Enquanto isso 23% de toda a arrecadação do país vai para o pagamento de juros, vergonha! 

O Brasil hoje tem ameaças de downgrades por causa de indisciplina fiscal, falta de poupança e por causa da possibilidade de não poder pagar suas dividas.  Sejamos honestos, o Brasil hoje é AAA e não nota mais baixa, sabem por que? Porque nota de agência de rating é referente a capacidade de um pais honrar suas dívidas.  Hoje o Brasil tem $40 bilhões de dívida externa e $370 bilhões em reservas, se quiserem descontar os $100 bi de swaps cambiais mesmo sem esses tenham sido "liquidados", contemos com isso também, sem problema. Sobra muito!  O Brasil, se quiser paga 100% da dívida externa amanhã ( algo que deveria fazer) e as dívidas em reais ( moeda local), no limite, imprimimos e pagamos.  Não rolávamos nossas dívidas no overnight na década de 80?  O único calote que existiu no Brasil não foi de dívida externa? Que conversa de downgrade é essa? Concluindo que hoje o Brasil tem 100% de capacidade de pagamento de suas dívidas e, com isso, pensar em downgrades ou mesmo levar um downgrade por qualquer indisciplina que seja, é hipocrisia, afronta e falta de respeito.

O Brasil tem inflação alta hoje em dia por vários motivos; leis erradas do passado, sofreu uma desvalorização cambial substancial nós últimos dois anos, um governo mais popular tirou 40 milhões de pessoas da miséria e retirou mais 30 milhões da classe pobre para a média, falta de infra estrutura, enfim, um monte de variáveis, mais isso "é normal".  A Coréia do sul ao desenvolver-se rodou inflações entre 5 e 9% ao ano por muitos anos e, com o passar do tempo e boas políticas criou bem estar social para o maior números de pessoas possível e hoje não tem inflação alta.

Adotar disciplina para que? Estrangular a população e os meios produtivos via impostos altos para que? Cortar dívidas para que?  Hoje vivemos na era dos bancos centrais, vivemos a economia que não é mais o estudo dos bens escassos e sim abundantes!!! ( o capital). Foquemos no bem estar social e em reformas para conter a indexação da economia e os vícios ligados a expectativa de inflação crônica, isso sim tem que ser feito e não ajuste fiscal algum. O dinheiro hoje é sem lastro e é criado ao léu.  

Eu "gostaria muito" de ver se "todo mundo" iria gostar de morar no UK se não houvesse segurança, educação, saúde e infra estruturas de qualidade altíssima.  Tudo isso é pago também com muito dinheiro do AR e dívidas e mais dívidas e mais dívidas ( Hoje o banco central do UK detém 40% de toda a dívida do país, funny enogh!!!). Lembrem, criando-se dinheiro / riqueza, cria-se dívida e se o dívida não é paga, ou não rende nada, ou roda a taxas negativas, isso não é riqueza. O endividamento é gigante no UK, por volta de 120% do PIB (Brasil tem dívida líquida de 36% do PIB), o UK vem rodando déficits ficais grotescos que já chagaram a 10% do PIB há alguns poucos anos e esse ano será de 5% do PIB ( querem o que pobre Brasil rode superávit fiscal de 1,2% do PIB) pode isso? Eu quero Brasil como o UK, eu quero Brasil Japão, eu quero Brasil Europa, se for para não seguir os livros de economia, o Brasil também quer o mesmo. Queremos o bem estar social para o maior número de pessoas possível, porque, claramente, no mundo não existe mais a tal da restrição orçamentária, isso fica para o museu de economia e não para debates de gente séria ou mesmo gente com um mínimo de inteligência.

Thursday, 2 April 2015

Fies, Mantega e a Inflação

Dentre os diversos fatores que determinam o desenvolvimento econômico das nações a demografia ocupa um lugar de destaque. Primeiro por que ele é essencialmente determinístico: o perfil etário da população num horizonte de uma década ou duas está mais ou menos definido é possível antever com bastante acuidade a sua evolução ano a ano. Segundo por que de certa forma ele é um componente quase inexorável: a maior ou menor oferta de mão-de-obra em idade ativa é uma força quase irresistível rumo ao desenvolvimento. Precisam prevalecer condições extremamente singulares para que o curso demográfico não seja determinante no desenvolvimento econômico.
Nesta perspectiva o que presenciamos na economia Brasileira nestes últimos dois anos é bastante peculiar. A mão-de-obra empregada estagnou a partir de 2013, subitamente. É muito fácil apelar a explicações ideológicas: teria sido culpa da política econômica. Isto, entretanto, não faz sentido: deveras, a crítica é justamente de que houveram exagerados incentivos na política econômica. Mas isto, por si só, deveria ter ampliado ainda mais a massa empregada, não ocasionado sua estagnação.
Mas o que se passou então? Os dados são claros: houve uma queda relevante da taxa de participação no mercado de trabalho. E esta queda não foi generalizada: concentrou-se basicamente na faixa etária entre 18 e 24 anos. A taxa de não-participação costuma ser bastante estável. Em 2003 29.8% das pessoas entre 18 e 24 encontravam-se fora da força de trabalho segundo o IBGE. Em 2004 eram 29,3%, em 2005 30,5%, em 2006 29,4%, em 2007 29,2%, 2008 29,4%, 2010 30,1%, 2011 29,9%, 2012 30,4%. Típica flutuação da imperfeita mensuração estatística. Algo extraordinário acontece então: em 2013 há um salto para 32,2% e finalmente em 2014 para 34,9%. Nada aconteceu na faixa etária entre 25 e 49 anos. Esta ficou perfeitamente estável em níveis muito baixos de não-participação no mercado de trabalho.   
Não é necessária muita imaginação para se entender o que aconteceu: foi a disseminação vertiginosa do crédito estudantil que de certa forma abriu espaço para que parte dos estudantes pudesse temporariamente se retirar do mercado de trabalho.  Para se ter uma idéia da dimensão do crédito estudantil, em 2010 eram contemplados algo da ordem de 500 mil contratos. No fim de 2014 eram algo da ordem de dois milhões. É algo com dimensão para se ter impacto macroeconômico.
Pois bem, se nossa tese está correta, e o crédito estudantil de fato propiciou a saída de quantidades expressivas de pessoas do mercado de trabalho, é bastante fácil entender o que se passou nos últimos dois anos. Dada a dimensão do choque de oferta de mão-de-obra, a insistência do ministro Mantega de propiciar mais e mais incentivos fiscais numa tentativa de reiniciar a trajetória de crescimento econômica teve como único efeito gerar inflação: em nenhuma circunstância um incentivo fiscal irá promover crescimento sem que haja condições matérias para tal. Se não há mais gente para trabalhar, qualquer tentativa artificial de gerar crescimento terá como consequência a geração de inflação e a destruição das margens de lucros nas empresas.
Percebendo esta dinâmica inusitada da inflação o Banco Central inicia um ciclo de aperto monetário na economia, numa tentativa de segurar a inflação pela contenção das iniciativas do setor privado. Mas eis a grande ironia: subir os juros no Brasil tem um efeito fiscal fortemente expansionista. A despeito das hercúleas, e por vezes irresponsáveis iniciativas de pré-fixação da dívida pública pelo tesouro nacional, o Banco Central faz grandes esforços para desfazer isto. De fato uma parcela muito relevante da dívida pública encontra-se no próprio balanço do Banco Central. A contrapartida destes ativos são as operações de remuneração pós fixada do lado do passivo. Enfim, subir juros significa prontamente aumentar substancialmente o déficit nominal. Como, tautologicamente, a despesa de alguém é sempre a receita de outrem, e por conseguinte, déficit fiscal é renda privada, uma subida dos juros sem uma contrapartida em aperto fiscal é necessariamente expansionista do ponto de vista fiscal. Ela só surte efeito a partir do ponto em que causa estragos nos balanços do setor privado: decisões de investimentos são postergadas, a tomada de risco é desincentivada pelas altas remunerações sem risco, e finalmente os endividados colocam-se em situação delicada.  
Mas qual a política econômica sensata neste caso? Simplesmente tirar o incentivo fiscal. Não há dinamismo algum no setor privado. Muito pelo contrário. Não há justificativa, por conseguinte, para o aperto monetário. Não é necessário controlar o apetite do setor privado. É necessário reconhecer que circunstancialmente não há folga alguma no mercado de trabalho e portanto o estado deve tirar ao máximo seus tentáculos dele. Não por razões ideológicas, simplesmente por uma questão estratégica: este choque de oferta é temporário, e mais cedo do que tarde, a realidade demográfica voltará a se impor e abrirá novamente espaço para uma expansão robusta da economia. Estudar é, no fim do dia, investimento. E, sob certos aspectos, investimento mais importante do que os investimentos do PAC. Pontes poderão ser construídas depois. Educação não.  

Wednesday, 1 April 2015

Esquerda ou Direita, você escolhe.

                                             
Estava eu comendo um queijo da serra e bebendo um belo Chianti pensando no conceito "esquerda caviar". Afinal serei eu, um fã de Hayek pertencente a esse grupo? Um conceito que me coloca na esquerda? Afinal o que é esquerda e direita hoje em dia? Cheguei a conclusão que sou de esquerda, mas "de esquerda por circunstância". Tendo toda a minha educação acontecendo em moldes norte americanos, sinto um peso no coração quando falo de tamanha frustração de ser um participante do mercado financeiro hoje em dia. Ouvir todos os dias berros de jornalistas, analistas e de PHDs sobre conceitos de teorias macro econômicas que estão ultrapassados na prática e, para quem tem vergonha na cara, na teoria também, é deprimente. Eu sei que é triste estudar por 40 anos e depois ter que aceitar que tudo aquilo estudado nada mais era do que uma ideologia e nunca uma ciência, ou sequer um método de tomada de decisões para a sociedade. É frustrante acordar todos os dias e ver que, mais do que nunca, o estado está presente e preponderante nas economias mundiais; sistema mais de esquerda do que nunca. O que me ensinaram na faculdade foi, quanto menor o estado melhor, quanto menos influência do estado melhor, quanto menos regulação melhor, "deixe a mercadoria passar". Que a meritocracia reine, que a produtividade eleve, que os mais eficientes superem os retardatários.


Ser da esquerda caviar em tese, significa ter idéias ou convicções de esquerda, mas gostar, também, das coisas boas da vida, literalmente até o caviar mesmo. Mas existe alternativa nesse mundo para alguém rico que tenha bom senso do que, mesmo sem entender, ser considerado da esquerda caviar? Acho que não, afinal a esquerda se tornou o único lugar confortável num mundo que presenciou tudo que aconteceu de 2006 para cá.

Existia um tempo quando todos pensavam e tinham fé, que QE era uma exceção do Japão. O conceito em si, já era absurdo em termos históricos pois, afinal, um banco central criar dinheiro do ar para comprar títulos do tesouro nacional do mesmo governo parecia obsceno, mas, o mundo e eu, não sei porque, ignorou e "desculpou" essa situação. A maior de todas as desculpas foi que o QE japonês era esterilizado e que não haveria nenhum problema pois, afinal, os títulos vendidos pelo próprio BC iriam esterilizar o dinheiro criado do AR. Que falta de senso básico!!! Hoje, as pessoas acham que o QE que o mundo todo tem feito é diferente do Japão, mas não é, tudo acontece exatamente da mesma forma e hoje, o mundo ignora e "desculpa" isso também. Como não estar do lado da esquerda?

Em qualquer QE, ao criar dinheiro, o BC cria reservas bancárias; as 18:00 horas essas reservas bancárias" dormem" em algum lugar e vão procurar por algum rendimento, ou seja, sempre que o BC cria dinheiro do AR existe, no mesmo dia, uma contra partida em forma de dívida ou a esterilização desses dinheiro. Concluindo facilmente que não existe QE que não seja esterilizado, fazer distinção é puro teatro. O QE pode ser esterilizado com a venda de um título de 10 anos ou se 1 dia, mas é sempre esterilizado. O triste? É que com quem você fale no mercado financeiro, vai te falar que o QE praticado nos EUA era diferente do praticado no Japão. É pena.

Aconteceu uma coisa horrível, o Chianti está acabando. Ou seja, vou me abreviar até para poder ficar com minha linda mulher. O liberalismo ou o neo liberalismo ou o laissez-fair levaram uma mega HIT na cabeça em 2008. A idéia de que o privado é mais eficiente que o público foi por água abaixo porque, acredito eu, ou qualquer ameba, que o que foi feito do sistema financeiro mundial foi tão, mas tão falho que nem a mente pública mais incompetente poderia replicar 10% do que foi feito pré 2008 e logicamente continua a fazer hoje em dia, mas em uma espécie de PPP, parceria público privada. Os maiores bancos e seguradoras do mundo quebraram, os EUA e o G7 não aceitaram suas próprias regras e mudaram as regras do jogo. Imaginem os EUA e Europa com lei de responsabilidade fiscal nesses últimos 6 anos??? Pois é, quem financiou tudo isso? Quem financiou déficits fiscais de 10% do PIB? Em grande parte, os bancos centrais com dinheiro do AR, o mesmo AR do dinheiro do Japão.

Afinal não era meritocracia? Afinal , não era: quem falha, paga por isso? Cadê? Cadê o clearing da crise de 2008? Cadê a transparência, para todo mundo saber para onde foram os trilhões em linhas de crédito de salvamento que o FED concedeu? Cadê o planilha que me diz quem são as contrapartes de centenas de trilhões em derivativos de crédito que existem no mundo? Cadê a vergonha nas cara para falar, "nós falhamos e o ciclo de baixa tem que play out"? Não existiu, porque pimenta no rabo alheio é refresco; planilha do FMI é para a casta baixa e "não para nós" dos países do Atlântico Norte, Hipócritas!

E então, ser ou não ser de esquerda? Se os bancos centrais dos países desenvolvidos financiam os deficitários e problemas públicos e privados sem limites, com certeza eu vou querer, que, no mínimo, o bem estar da população esteja no meio dessa bagunça! E óbvio que não vou querer ser freira em prostíbulo! Se os EUA, EU, UK e Japão são as maiores "prostitutas", não vou eu, com minha educação estadunidense, querer que o meu Brasil se beneficie das mesmas benesses e que o pobre do mundo todo tenha melhores oportunidades? Claro que vou! Alguém acha certo dezenas de trilhões serem criados do AR para que não seja para benefício de todos e só de uma pequena porção da população? . Aaaaaaaa mas afeta todo mundo no longo prazo, está sendo para bem geral da população . Afeta mesmo? Noto que esse longo prazo nunca chega e é por isso que, se Hayek não conseguiu espaço com as potências mundiais, que sejamos todos Keynes, mas para todo mundo e não só para os países "desenvolvidos". Nesse caso, sim, faço questão de ser da esquerda caviar, porque, afinal, não sou de esquerda e sim tenho bom senso. Quem não tem o seu BC que levante o dedo. Zzzzzzzzz... ninguém ... Tudo virou decisão política, não há mais mercados livres, vamos acordar! Será que a direita de hoje não é a esquerda de ontem? 

Monday, 30 March 2015

Mangabeira, a Vanguarda e os Evangélicos

É sempre cativante ler, ouvir ou ver o Prof. Mangabeira Unger. A lucidez lógica do pensamento, a visão abrangente do fenômeno social, a ótica do direito enquanto atividade transformadora aliados à exuberante energia promove um espetáculo algo raro nos intelectuais de hoje.
Sua obsessão recente é a promoção do que ele chama de democratização da oferta através de práticas da vanguarda do capitalismo que, dentre outras coisas, está fundamentada no princípio de competição cooperativa. Os setores da vanguarda econômica teriam segundo ele restringido a competição ao essencial, e fora de escopo praticam modelos cooperativos em busca de ganhos de eficiência. Isto é claramente evidente no setor de tecnologia de ponta. A explosão dos esforços cooperativos das grandes empresas de vanguarda em tecnologia é de fato impressionantes: do financiamento do Linux, passando pela liberalidade de abertura de códigos (até a temerária Microsoft aderiu à tendência numa tentativa de manter-se relevante), à proposição de protocolos e sistemas de hardware padronizados. Dentre várias outras iniciativas.
Mas soa bastante artificial à primeira vista a exposição de tal modelo de negócios ao Brasil. Falta o exemplo ao professor. O que é curioso, uma vez que o grande exemplo de vanguarda produtiva no Brasil está na cara. Quer por esnobismo intelectual, afastamento cultural ou qualquer outro motivo, passa-lhe desapercebido. A vanguarda produtiva no Brasil é o movimento evangélico. Não me importa aqui discutir os seus aspectos religiosos, seus aspectos culturais, ainda que tremendamente interessantes em si mesmos. Quer olhar o movimento evangélico enquanto fenômeno econômico. Que o leitor não seja ingênuo: é um fenômeno econômico de monta. O IBGE pode não saber medir, mas é disparado o setor econômico com maior crescimento, virilidade e consistência das últimas décadas. E é claramente algo que o Brasil superou o mundo inteiro em termos de inovação, adaptação e escopo. Para os de fora a abrangência da atividade econômica não é evidente: não se trata de cultos ocasionais aos domingos. Existe toda uma gama de atividades circunscritas à vida comunitária das igrejas que é absolutamente impressionante: aconselhamento espiritual, psicológico, marital, atividades de convívio, shows musicais, bazares, ações sociais, literatura, música, teatro, etc. Estamos falando de algo talvez da ordem de 3% do PIB em atividades econômicas. Algumas remuneradas, outras não: mas atividades econômicas de qualquer jeito.
Como isto é possível? Justamente pelo princípio da cooperação competitiva. É óbvio que as diversas igrejas estão competindo entre si: basta ver a densidade de templos, dos mais extravagantes aos mais simples, em qualquer grande centro urbano país afora. Nem por isso elas deixam de cooperar entre si. Quer por motivação espiritual quer por interesse econômico elas entendem que cooperando são maiores do que simplesmente competindo. Cooperando elas atentam contra a retaguarda econômica representada pelas manifestações religiosas tradicionais: católicos, protestantes, espíritas e umbandistas são igualmente incapazes de enfrentar em pé de igualdade esta nova explosão econômica. Da mesma forma que as empresas da velha tecnologia são incapazes de afrontar a vanguarda econômica da nova tecnologia. Ou você adere a esta vanguarda do sistema produtivo (wallmart talvez seja um grande exemplo), ou reconhece a inevitabilidade de seu fim (IBM talvez seja um grande exemplo).

Em termos econômicos não há nada de diferente entre o vale do silício e o movimento evangélico no Brasil. Os dois representam o estado da arte em seus respectivos setores. Um é celebrado universalmente como exemplo da nova economia. O outro não parece ser notado por ninguém. Até que um dia será notado. E suas lições aprendidas. 

Ben Bernanke und Das Kapital

Well Ben Bernanke is a blogger. Some sort of central bank eulogy it seems. He is defending the thesis that yield depression in developed economies is not a consequence of central bankers’ will. There are supposedly structural reasons, which the great master has promised us to unravel in the next episodes.
While we obviously agree about the thesis, the framework proposed, invoking Wicksellian arguments of natural rates of interest linked to growth seems misguided. The contemporary obsession with an accounting perspective of capital seems a great impediment for the proper understanding the contemporary world. We must seek a deeper definition of capital to move forward.
From a social perspective, the nature of capital is straightforward: it is the phenomenon of expropriation of labor from a fraction of its outcome. Either by taxation, tariffs, rent or profit. We are not interested here in the reasons and manifestations of this exploitation. Rather we want to note that the potential exploitation is not arbitrary: by competition between enterprises in the goods and services markets, by competition in the labor market, by competition in the real estate market, by competition in the vote “market”, exploitation is limited. Frankly, it is quite stable over time: from time to time (decades) bargaining power shifts from one side to another, but on the long run there seems to be some equilibrium level.  
On the other hand, the total amount of wealth accounted for in mark-to-market basis seems unbounded. How is it possible? Temporarily such a divergence can be justified by ongoing indebtedness of households or governments. Postpone exploitation to the future! There are limits to it: on the private sector, at some point there will not be any creditworthy borrower with solid collateral. This is what has happened in 2008. Some critical threshold of household indebtedness was crossed. On the public sector, it is obvious to anyone that apart from a peculiar country in South America, no democracy is capable of providing consistent primary surplus to exert the exploitation by means of taxation. One can advocate zero primary deficits, but a surplus? The tentative experience to substitute household indebtedness by massive public deficits after 2008 was definitely aborted with the emergence of Euro crisis. The political reasons are somewhat opaque but no one can deny that there is no propensity in the world to endure large fiscal deficits. The worst outcome from the point of view of capital: no large deficits, nor primary surplus. Just the inability of governments to use their immense power in the interests of capital.
Markets have finally tried the ultimate bet: let us exploit emerging markets! Impressive amounts of capital flew into emerging economies following 2010, far more than any one of them had the ability to absorb. The result was a universal credit boom in emerging economies that defeated the original purpose: now even a greater amount of claims for wealth seeking labor exploitation. Even worse, the artificial growth provided by the liquidity has turned bargaining power to labor, not to capital. So much lesser exploitation capacity there.
The final blow on capital occurred with the collapse of oil prices, which represents some marginal form of exploitation. Therefore, in mid 14 reality imposed itself. There were two possibilities: either a significant write down in the claims of wealth or the annihilation of yields on capital. Central bankers had given their answer long ago: they would do whatever it takes to prevent the write-down. Hundreds of trillions of marked-to-market worth of accounting wealth would have to satiate itself with the existing exploitive capacity. This is an ongoing process. It has started with high-grade bonds but it will inevitably expand its horizons to every manifestation of capital. Returns on capital is on a downward secular trend.

Which bring us to the real question, the one that surprisingly Bernanke has not proposed: is capitalism viable without a cost for capital? Like Ben Bernanke, we will answer this in the next episode.